quinta-feira, 10 de junho de 2010

40 - Em 21 de Novembro de 2008, a Liberdade cresceu



Em 21 de Novembro de 2008, o eleito da CDU Cristiano Ribeiro proferiu a seguinte declaração na Assembleia Municipal de Paredes:

“Em Abril de 2006 dois jovens comunistas pintaram um mural num viaduto em Viseu. Agora, já em final de 2008, eles foram condenados pelo Tribunal de Viseu com multas de 350 euros e também indemnização de 102 euros paga à Câmara de Viseu, do Sr. Ruas.
Luís e Catarina, os dois “subversivos” jovens comunistas, pintaram um mural anunciando o 8º Congresso do JCP, em Gaia, sob o lema «Transformar o sonho em vida». Suprema subversão! A Câmara denunciou, a PSP identificou-os e aprendeu material, o Ministério Público acusou e o Tribunal condenou.
O propósito do Sr. Ruas de impor por via jurídica a perseguição às ideias de dois jovens comunistas, para além de cobarde, esboroa-se na compreensão geral de que se trata de uma decisão claramente política.
A vida esclarece-nos sobre a “subversão” em causa. Será que pintar um mural cria um “dano qualificado de bem público”? Para Luís e Catarina, não. Para Luís e Catarina, a liberdade de expressão também “transforma o sonho em vida”. Eu concordo.
Mas para o Sr. Ruas, para a PSP de Viseu, para os magistrados do Ministério Público e do Tribunal de Viseu, o mundo imaculado do muro de um viaduto não admite vida própria, antes se conforma com a normalidade contentinha e bolorenta dos dias cinzentos e tristes. E descobrem a grande infracção, o pecado mortal, o vírus fatal, nas mãos criadoras de jovens e nas tintas de uma pintura mural. Triste excesso!
O Sr. Ruas assume aqui particular responsabilidade já que é actualmente o representante máximo dos presidentes de Câmara do País.
Ele coerentemente deveria actuar sobre a paisagem urbana das nossas cidades, o excesso de publicidade, o ruído de inúmeras festas e iniciativas, as limitações à mobilidade, a insegurança latente.
Ele dever-se-ia preocupar com as práticas fraudulentas de seus pares de Gondomar, Felgueiras, Oeiras, Celorico da Beira.
Ele dever-se-ia indignar com a actividade previsivelmente criminosa de alguns dos seus companheiros do PSD na liderança do BPN, no Governo Regional da Madeira, ou na Lusoponte.
Mas não. O Sr. Ruas vê mais limitadamente. E infelizmente não sonha…
Um dia destes, ele e os outros acordarão com um pesadelo. As paredes gritarão em cores vivas: a liberdade está a passar por aqui”.

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